– quem são vocês?

Hora: 17:34 – Ouvindo: David Archuleta – Crush

Quem são vocês? É isso que me pergunto em momentos como aqueles. Quem na verdade vocês, que se dizem meus amigos, são? Por quem se passam? Por que se mostram daquele jeito? É claro, talvez aquilo seja vocês. Eu digo aquilo por que não sei como me referir a um ser humano que faz aquilo com alguém que chama de seu amigo. Talvez aquilo fossem seus verdadeiros eus, afinal, estávamos num ambiente natural, o instintos se soltam e a personalidade verdadeira, nua e cruel se mostra. Eu queria entender o que é engraçado em maltratar os outros com palavras e risinhos irônicos. Eu me senti abusado, chutado de um lado pro outro. “Vai, tua vez. Chuta com mais força agora. Bota para machucar mesmo.”

Será que só eu penso assim? Todos se queixam que já passaram por um momento como aquele algum dia em suas vidas. Ok, não duvido. Mas por que se já passaram e sabem como machucam, por que fazer com outra pessoa? Como sempre, eu fiquei calado enquanto as palavras afiadas e certeiras como flechas bem lançadas acertavam meu peito e minha cabeça vinda sobre o disfarce de “brincadeira”. Que brincadeira dolorosa. “As pessoas só te conhecem por que tu anda conosco” (Risos e gargalhadas). “Nós somos teus únicos amigos, e tu nunca terá outros além de nós”. “Jamais ninguém será teu amigo”. “Nós fazemos isso por que podemos, por que sabemos que tu é fraco”. Flechas e mais flechas. Eu só as recebi, sabe como é, eu tenho essa estranha incapacidade de revidar a insultos e “brincadeiras” desse tipo. Eu fico calado, sendo ferido, fico só… Sentindo. Lá dentro. Tudo caindo. Quebrando. E adivinha, isso dói com força. Sério.

Mas é claro, era tudo brincadeira. Eu não devia me importar. Por que me importar afinal? Vocês, que se dizem meus amigos, são meus únicos amigos, certo? Se eu não aguentar quietinho, vou ficar em casa, sozinho com a solidão. Vai querer o que? É pegar ou largar. As vezes, me pergunto: Vocês se importam comigo? Melhor, se importam com o que sinto por vocês? Se importam de fato se um dia eu me revoltar e começar a odiar vocês e preferir a solidão do meu quarto? Tá, a resposta até imagino qual seja: Tu que sabe. Isso é praticamente um “tanto faz”.

É, eu acho que não sei quem são vocês. Eu adoraria poder projetar como está meu coração desde ontem e o quanto e o quanto eu ando pensando na “brincadeira” de vocês. Gostaria de mostrar, se não fosse pedir muito, a cena ridícula que aconteceu no meu banheiro hoje pela manhã enquanto eu tomava banho, quando eu lembrei de tudo, tentei segurar o choro e não consegui. O choro rompeu na minha garganta com força, abrupto. Deixei minhas lágrimas se misturarem com a água que caía, achei que assim seria menos vergonhoso quando eu me lembrasse. Foi um choro quieto, silencioso, quase conformado. Eu não queria assustar minha mãe com meus problemas a respeito da “brincadeira” de vocês. Sabe, vocês deviam ter visto meus olhos, eles estavam vermelhos. E a única coisa que fiz foi fechá-los, não queria mais ver essa minha fraqueza expressa neles. Doía também. Até me assustei com a intensidade da dor, eu não sabia que uma “brincadeira” fazia isso tudo.

Mas enfim, nós somos assim, não é? Vocês atiram, eu recebo. Sempre é assim. Acredito que nesse período em que estou quase de partida por 2 anos, essa será uma lembrança legal que terei de nós. Vocês me dizendo que sou um otário solitário sem amigos e feio, que tenho que aguentar isso, ouvindo que vocês planejam me excluir de coisas que farão. Dois anos longe de vocês tendo essa memória da “brincadeira” de vocês diretamente guardada na minha cabeça, e claro, no fundo do meu coração. Imaginem o que isso fará em mim. Por dois anos. Para terminar, não, eu não estou mais zangado com vocês, as cicatrizes foram embora rápido dessa vez. Mas tenho uma pergunta a vocês, meus amigos:

Quem, de verdade, são vocês?

3 comentários sobre “– quem são vocês?

  1. A impressão de conhecer as pessoas, mesmo as mais próximas, e saber o que esperar delas é uma vaga ilusão. Muitas vezes decepcionamos, muitas são as vezes em que nos decepcionam.
    Não sei se essas feridas fecham ou cicatrizam. talvez elas diminuam em intensidade de dor, pois uma expectativa frustrada será sempre uma expectativa frustrada…

    Ainda assim somos humanos e perdoamos quase na mesma proporção que nos ofendem ou maltratam. É vida acontecendo!

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